2025: O equilíbrio entre o otimismo e a realidade na logística portuguesa
À medida que o setor logístico global se prepara para um 2025 repleto de desafios e transformações, Portugal enfrenta realidades muito próprias, influenciadas pela sua posição geográfica estratégica e pela natureza do seu tecido empresarial. Num contexto onde as tendências globais exercem uma influência direta sobre o mercado nacional, o grande desafio será encontrar o equilíbrio entre a modernização das cadeias de abastecimento e a gestão das limitações económicas e operacionais que continuam a impactar o setor.
Um dos problemas que promete manter-se relevante em Portugal é o da capacidade excedentária no transporte rodoviário. O aumento da concorrência entre transportadoras nacionais e internacionais tem exercido uma pressão considerável sobre os preços, dificultando a obtenção de margens lucrativas. Esta realidade é ainda mais desafiante para as pequenas e médias empresas (PMEs), que representam a maioria das empresas logísticas em Portugal. Sem acesso facilitado a recursos financeiros para investir em frotas dedicadas ou em tecnologias digitais, muitas enfrentam dificuldades em acompanhar as exigências do mercado.
Por outro lado, a sustentabilidade está a emergir como uma prioridade para as empresas portuguesas, influenciada por uma crescente pressão da União Europeia para cumprir metas ambientais ambiciosas. Desde a introdução de frotas elétricas até à implementação de cadeias de abastecimento circulares, as mudanças necessárias exigem não só um compromisso sério, mas também investimentos consideráveis. Apesar da escassez de incentivos robustos, algumas empresas nacionais estão a começar a adaptar-se, percebendo que a sustentabilidade não é apenas uma obrigação, mas também uma oportunidade para conquistar a preferência dos consumidores.
Além disso, as exigências dos clientes estão a intensificar-se, particularmente no comércio eletrónico, que continua a crescer em Portugal. A procura por entregas rápidas, flexíveis e precisas já não é um luxo, mas sim um requisito. No setor retalhista, as empresas enfrentam pressões crescentes para reorganizar os seus processos logísticos, muitas vezes recorrendo a tecnologias como os sistemas de gestão de armazéns (WMS) e à automatização de tarefas operacionais. Estas transformações são cruciais para aumentar a eficiência e evitar perdas de vendas, mas nem todas as empresas estão preparadas para dar esse salto tecnológico.
O panorama global de incertezas económicas e geopolíticas também terá impacto direto em Portugal. As tensões comerciais internacionais, aliadas à volatilidade das tarifas alfandegárias, podem afetar os fluxos de mercadorias nos portos nacionais, como Sines e Leixões. Por outro lado, a dependência de fornecedores estrangeiros está a levar algumas empresas portuguesas a considerar estratégias de produção mais regionais, apostando na diversificação para reduzir riscos e aumentar a resiliência das suas cadeias de abastecimento.
Para Portugal, 2025 será um ano decisivo. As empresas logísticas que conseguirem alinhar inovação, eficiência e sustentabilidade estarão melhor preparadas para enfrentar os desafios que se avizinham e aproveitar as oportunidades num mercado competitivo. No entanto, para que isso aconteça, será fundamental uma colaboração mais estreita entre o setor privado, as associações do setor e o governo, garantindo que as empresas nacionais tenham o apoio necessário para prosperar num ambiente em constante evolução.